E esperando que caminhos nos levem logo a vacina e principalmente para anos melhores em 2021, 2022, 2023 … não custa sonhar.
Um caminho possível se seguirmos os passos da ciência, do cuidado com o meio ambiente, da busca de melhores e mais justas condições de vida para nós habitantes deste pedaço de pedra voadora na imensidão do universo !!
Nossa despedida deste ano será relaxar com o K-filme de Andrew Martyn Sugar chamado de “Walking Through the pandemic”, realizado colaborativamente na Inglaterra durante os primeiros meses da pandemia e que teve apoio do Arts Council England.
Nesta busca pelo conhecimento que é a nossa pesquisa de Mestrado um dos pontos centrais, e o qual me debruço nestes dias é a fase metodológica de propor estratégias para esmiuçar o objeto de estudo, mapear, relacionar, comparar e anotar, em busca sobretudo de conhecimento que possa ser analisado e replicado.
Um dos conceitos que guiam meu método é o presente no livro Alien Phenomenologyor What It’s Like to Be a thing, do designer de jogos e filosófo de mídia Ian Bougost, ” Knowledge may intersect or surround ideas and objects, but it never permeates them, just as mechanical device used to train canaries doesn’t really turn them into sopranos”.(BOUGOST, 2012, pg. 123) em português, “O conhecimento pode cruzar ou circundar ideias e objetos, mas nunca os permeia, assim como o dispositivo mecânico usado para treinar canários não os transforma realmente em sopranos”.
Tal pensamento está presente na filosofia da ontologia orientada dos objetos – OOO – uma proposta do realismo especulativo que desloca a tradicional visão humanista da realidade em direção a interconexão entre os objetos e nós, que possui entre seus pensadores Bougost, Harman, Latour, entre outros. Meu objetivo é assim desenhar os mapas dos estilos das narrativas na hipermídia documental. Espero não ser muito pretensioso …
A indicação de documentário hoje é “Filming Revolution”, que você pode começar a ver aqui: https://filmingrevolution.org/
Os tempos de revolução sempre foram um terreno fértil para novas idéias e abordagens para o cinema. Com isso em mente, a estudiosa e praticante de cinema Alisa Lebow professora de Screen Media na University of Sussex, foi ao Egito após a revolução de 2011 para conversar com os cineastas sobre a maneira como suas práticas podem ter mudado como resultado de sua participação nesses eventos. Entrevistando mais de trinta cineastas, artistas, ativistas e historiadores, este projeto cria uma plataforma para pensar junto com as pessoas que fazem filmes no meio da agitação e depois.
As entrevistas são organizadas em grupos de conversas detalhadas, agrupadas em torno de temas, pessoas e projetos. Os leitores acompanham essas trocas multi-vocais para ouvir uma variedade de pontos de vista sobre tudo, desde filmar nas linhas de frente até organizar um sindicato de cineastas independentes ou contar uma história pessoal em meio a um momento histórico. O projeto aborda questões de forma, a relação entre documentário, jornalismo, arte e ativismo, bem como questões de historiografia, propaganda e muito mais. Cada cineasta e todos os temas associados são apresentados com uma nota para facilitar o envolvimento com essa investigação rica e exclusiva da mídia.
Idealizado pela inglesa Tiffany Fairey como parte de sua pesquisa de doutorado em Sociologia Visual no Goldsmiths College de Londres, utiliza o Korsakow na construção de uma narrativa interativa sobre o trabalho do grupo TAFOS no Peru do final do século XX, como explica a autora, ” entre 2011-12, conduzi pesquisas sobre a experiência da TAFOS como parte do meu doutorado. Eu examinei especificamente o impacto de longo prazo do projeto em seus participantes e a circulação das imagens do TAFOS desde o encerramento do projeto.”
A navegação é realizada através das pré-visualizações.
O TAFOS foi um projeto pioneiro de ‘fotografia social’ realizado no Peru de 1986 a 1998. Envolveu mais de 270 fotógrafos de comunidades de todo o país; incluindo coletivos campensinos, mineiros, mulheres e jovens que viviam em bairros urbanos e comunidades afro-peruanas. O projeto durou 12 anos turbulentos da guerra civil peruana, capturando testemunhos vitais e percepções sobre o movimento político de base e a vida das pessoas naquela época.
Imperdível pra quem curte fotografia e documentários juntos ! Até Breve !
Seguindo com nossa pesquisa sobre o sistema interativo Korsakow, trago hoje a indicação de um I-doc realizado pela produtora brasileira Doc Tela.
É o “Se eu Demorar uns Meses” baseado em relatos de presos políticos opositores ao regime desse período com explicam os criadores Giovanni Francischelli e Lívia Perez, “um dos assuntos mais obscuros da história política brasileira continua sendo o período da Ditadura Militar (1964-1985). Foram 21 anos de regime autoritário, conhecido por práticas repressivas violentas como prisões ilegais, invasão de domicílio, assassinatos e torturas. Ainda hoje, pouco se pode afirmar sobre o que aconteceu nos porões de presídios militares e centros clandestinos de tortura, já que a maior parte dos documentos foram destruídos ou permanecem inacessíveis à sociedade.”
Gravado no Memorial da Resistência, edifício histórico sede de uma das polícias políticas mais truculentas do país, o filme traz a memória do período encenada por meio de uma “virtualidade do real”para ficar aqui com Manuel Castells, o que coloca o documentário e a interatividade a serviço da reflexão e da verdade, abordando questões políticas, sociais, culturais e, sobretudo, históricas.
Navegação por telasAs sequências são conduzidas pelo espectador.
Depois de terminar os artigos do Mestrado para primeiro semestre de 2020.1 é hora de relaxar um pouco antes de escrever a dissertação. Nessa folga rápida deixo aqui uma recomendação para esta semana, o documentário “CLOUDS”.
CLOUDS é um documentário interativo e um retrato dessa comunidade de pioneiros digitais, explorada pelas lentes do código. O projeto faz perguntas sobre o futuro da criatividade em um momento em que os algoritmos desempenham um papel importante na formação da cultura.
O filme apresenta 40 artistas, designers e hackers que participam da co-criação de ferramentas gratuitas para expressão criativa. Refletindo a história dessas comunidades online, o software por trás do CLOUDS foi construído em C ++ ,usando OpenFrameworks e inclui visualizações interativas em tempo real pelos artistas apresentados no documentário.
Lev Manovich. Cultural Analytics. The MIT Press, 2020.
Nossa dica de hoje é novo livro Lev Manovich.
Como me considero um pesquisador iniciante somente li o seu clássico de 2001, “The Language of New Media”, que não têm ainda tradução em português …
Desde já na lista para leitura assim que puder ! Transcrevo abaixo uma parte da sinpose.
“Como podemos ver um bilhão de imagens? Que métodos analíticos podemos aplicar na escala surpreendente da cultura digital – os terabytes de fotos compartilhados nas redes sociais todos os dias, as centenas de milhões de canções criadas por vinte milhões de músicos no Sound Cloud, o conteúdo de quatro bilhões de painéis do Pinterest? Em Cultural Analytics, Lev Manovich apresenta conceitos e métodos para análise computacional de dados culturais, com um foco particular em mídia visual. Com base em mais de uma década de pesquisas e projetos de seu próprio laboratório, Manovich – o fundador do campo da análise cultural – oferece uma introdução suave e não técnica a conceitos-chave selecionados da ciência de dados e discute as maneiras como nossa sociedade usa dados e algoritmos .”
No mundo das Fake News como está sendo tratada esta questão pelo documentário e seus autores ? Não somente o fato em si mas o formato de apresentar esta questão.
Num filme linear estamos sujeitos à voz do autor com muito pouco poder de intervenção. Na experiência do espectador realizada por computadores as coisas mudam. Como o filme documentário aborda os fatos ? Serão verdade ou falsos ? Quais os limites entre o real e a ficção ? Muitas são as questões, não há dúvida.
Realizado pela inglesa radicada no Canadá Jamie Griffiths, artista digital, diretora de cinema e artista performática, que no projeto utiliza com grande criatividade e inovação literária o software Korsakow.
Numa provocativa tensão narrativa questiona continuamente o espectador, verdadeiro ou falso ? Em suas palavras , ” foi apenas um experimento, mas fiz uma descoberta muito interessante. Não houve julgamento real, porque eles nunca poderiam realmente saber quais histórias eram verdadeiras e quais eram falsas. Alguns disseram que é verdade e outros que são falsos, e no final não importava. Assim me senti seguro, mas para minha surpresa e o mais importante, me curei de certa forma terapeuticamente no processo de fazê-lo. “
Realizado pela artista Nina Simões (2007) aborda a introdução de práticas estéticas do Teatro do Oprimido de Augusto Boal, em ocupações do MST – Movimento dos Sem Terra, no Brasil.
Ele foi montado no então recém lançado software Korsakow, que ao permitir interatividade às narrativas constrói um interessante paralelo entre o formato do documentário nas novas mídias e os processos de escolha que os membros do MST podem fazer individual e coletivamente acerca de questões políticas, sociais e culturais nas encenações levadas as comunidades.
O filme faz parte do seu trabalho de Doutorado na University of Arts de Londres, UK, “decidi explorar o uso das novas mídias para ilustrar as relações particulares entre artes e política, interrupção e narrativas, representação e autorias”, esclarece.
Na época a diretora propôs chamá-lo de docufragmentário, pois descrevia seu filme como uma série de sequências curtas que variam em conteúdo e tempo, permitindo um desenvolvimento muito fragmentário.
Enquanto as informações são passadas de uma forma específica nas sequências, seu significado pode ser construído ao escolher o que ver clicando nas miniaturas que vão surgindo abaixo da tela principal.
Telas de Navegação, com tela principal e as três telas de ativação.
Estes “pedaços” de informação documentais variam de acordo com o que se escolheu, e influenciam o que vai aparecer em seguida de acordo com as interpretações do espectador, criando um aspecto inclusivo que o torna um participante ativo do trabalho.
Estou no momento finalizando um artigo sobre este I-docrelacionando conceitos que vimos na disciplina – Poder e Consumo na Sociedade Contemporânea – deste semestre. Espero trazer aqui em breve os resultados ! Até lá ! #ficaemcasa.
Muito feliz com o resultado da banca de pesquisa que foi qualificada no Mestrado em Indústrias Criativas na Unicap – Universidade Católica de Pernambuco, realizada nesta terça-feira, dia 30/06.
Agradeço meus orientadores, Prof. Doutor João Guilherme Peixoto @joaogmpeixoto, Prof.Doutor Anthony Lins @thonylins, Prof.Doutor Dario Brito @dario_brito e Profa. Doutora Kátia Augusta Maciel @kaaug , cabeças pensantes da academia brasileira !!
Nosso projeto têm com problema entender melhor as relações entre as unidades narrativas (databases) editadas nas interfaces do programa Korsakow e como elas podem ser utilizadas. O produto desta investigação será um e-book que vai ser disponibilizado aqui.